Independência e democracia: duas datas, um só compromisso

Em setembro, o Brasil olha para sua história e reencontra os valores que sustentam nossa vida em comum. No dia 7, celebramos a Independência, marco simbólico da nossa soberania nacional – mas, se a independência foi o ponto de partida, é a democracia que dá sentido a essa conquista.

Ser livre não é apenas romper com amarras externas, mas construir, dia após dia, uma sociedade em que liberdade, igualdade, dignidade humana, participação e cidadania sejam valores concretos, experienciados por todos os cidadãos.

Poucos dias depois, em 15 de setembro, o mundo celebra o Dia Internacional da Democracia. Instituída pela ONU em 2007, a data tem como propósito reforçar o valor universal desse sistema e a necessidade de defendê-lo continuamente. A proximidade entre essas duas datas nos lembra que a liberdade política conquistada no passado só se cumpre plenamente quando acompanhada do compromisso constante com o Estado de Direito, com instituições democráticas independentes e com a proteção dos direitos fundamentais.

No Instituto Sivis, entendemos que a democracia precisa de uma cultura que a fortaleça: é algo vivo, que precisa ser cuidado, ensinado com base em virtudes cívicas e renovado constantemente. Ela se manifesta na forma como nos relacionamos, como escutamos vozes diversas, como aceitamos divergências e encontramos consensos. Democracia é diálogo permanente, é respeito às diferenças e é compromisso com o bem comum. Mas também é responsabilidade coletiva: depende da ação cotidiana de cada cidadão para permanecer forte e saudável.

É nesse espírito que lançaremos, neste mês, o Mural da Democracia, uma iniciativa do Ministério da Cultura e do Instituto Sivis, viabilizada pela Lei Rouanet e apoiada pela OAB-PR. O Mural é mais que uma linha do tempo: é uma narrativa que mostra como liberdade, igualdade, cidadania e dignidade humana se entrelaçaram ao longo do tempo para formar a base da nossa vida em comum.

Cada episódio retratado celebra conquistas coletivas, evoca vozes inspiradoras e revela que a democracia nunca é um ponto de chegada, mas um processo em constante construção. Mais do que resgatar o passado, porém, o Mural abre espaço para pensar o futuro. Ele nos mostra que as conquistas acumuladas foram decisivas para chegarmos até aqui, mas que a democracia não é uma garantia constante. Ela só permanece viva quando é constantemente fortalecida e ampliada.

Que este setembro seja lembrado não apenas como o mês da independência, mas também como o mês em que reafirmamos juntos o pacto democrático que sustenta nossa convivência. A independência nos deu soberania, mas é a democracia que dá sentido à liberdade.

Por Fernanda Trompczynski | Estagiária de pesquisa no Instituto Sivis

Reproduzido da Gazeta do Povo. Leia a publicação original.

Veja também

Contato da Imprensa: [email protected]